Indiscutivelmente, o
mundo, hoje, está mergulhado numa série de conflitos bélicos, localizados em
suas mais diversas regiões e sob a alegação dos mais diversos motivos. Assim,
morrem milhares de pessoas que acreditam estarem defendendo sua religião, sua
cultura, seu território ou seu direito de expressão, entre outros. Todos eles
sagrados, sem qualquer dúvida. A questão a ser debatida é a de saber se,
realmente, os motivos que levam a tanta estupidez são legítimos ou se apenas
correspondem à ganância narcísica de megalomaníacos ávidos de poder ou de
dinheiro.
Quem achar que não
tem nada a ver com o que está ocorrendo, diariamente, em todo o mundo é ingênuo
(ou desinformado) o bastante para não saber que a tão decantada “globalização”
serve tanto para o negativo quanto para o positivo. Não quero entrar em juízo
de valores para discutir qual das ditaduras está com a verdade. Se a ditadura
do capital financeiro, incorporada, atualmente, pelo império estadunidense que
quer dominar o mundo e, para atingir esse objetivo, não hesita em jogar bombas
mortíferas sobre crianças e mulheres indefesas ou a ditadura do fanatismo, que
mantém regimes, às vezes familiares e domésticos, com mão de ferro e tenta
sobrepujar culturas distintas obrigadas a conviver em territórios nos quais não possuem qualquer autonomia.
Só para exemplificar, neste último caso, podemos lembrar dos curdos, dos
palestinos, dos ciganos, que, atualmente, são os que mais tem sido mencionados
pela mídia. Sabemos que todos esses conflitos – muitos deles provocados
artificialmente - tem como principal causa a busca da hegemonia econômica de
grupos para os quais a vida não vale mais do que maiores saldos em contas
bancárias.
E os ditos conflitos
religiosos hoje tão presentes em nosso noticiário quotidiano? Bom, deuses
bélicos não são novidades na história. “Meu Deus” (invoquei o meu) quantas
ignomínias se concretizaram em teu nome ao longo do tempo! O problema, se eles
existem mesmo, vai ser explicar-lhes porque tantos crimes precisaram ser
praticados em seu nome! Aqui na terra, ainda não se conseguiu admitir a
legitimação desses atos criminosos como vontade dos deuses atuais, sejam eles
quais forem.
Em torno desses
conflitos, a indústria bélica vai acrescentando gordos dividendos a acionistas
que se sustentam da morte, da miséria, da doença e da fome, em escala cada vez
mais ampla. Mesmo que esse custo inclua até mesmo condenar seus próprios jovens
a perderem a vida, inutilmente, tanto do lado de agressores quanto de agredidos.
É quase desnecessário mencionar aqui a guerra do Vietnã e, recentemente, a
ocupação de outros tantos territórios do Oriente Médio e - para citar o outro
lado - a criminosa utilização de “crianças-bombas” em atentados que culminaram
com a morte de várias pessoas.
O poder, que é uma
das invenções mais diabólicas exercidas pelo homem, também é um componente
importante de uma guerra. Neste caso, é por demais evidente a disputa de força
entre as lideranças responsáveis pelos genocídios que vem ocorrendo.
Digo que estas são uma
guerra de todos nós, não só porque sofremos, diariamente, direta ou
indiretamente, suas conseqüências, como, também, porque cada um certamente terá
sua opinião favorável ou contrária a uma das partes envolvidas mas, sobretudo,
porque nós, brasileiros, habitamos um país que, potencialmente, detém, por
exemplo, as maiores reservas de água doce do mundo e este produto poderá ser
causa de
conflitos em um futuro não tão distante. Hoje, nosso
“petróleo”, aparentemente, ainda não é motivo de cobiça, mas, no futuro, os
preciosos mananciais hídricos localizados em nosso território poderão ser alvo
de interesse de países que estejam carentes de água potável necessária a sua
sobrevivência.
Envolver-se com a
guerra não é, apenas, assistir seus horrores na TV como se fossem os joguinhos
eletrônicos tão curtidos pelos nossos jovens e não só por eles. Algumas pessoas
no mundo inteiro (poucas, ainda, infelizmente) já entenderam que é necessário
mostrar sua indignação com o que está ocorrendo, na esperança de que, um dia,
os poderosos de plantão ouçam a voz dos que ainda defendem que um novo mundo é
possível desde que os que acreditam nisso se manifestem.