quinta-feira, 28 de abril de 2016

ANOTAÇÕES DE VIAGEM









 Um cruzeiro pelo Caribe foi um sonho a ser realizado um dia, sem que se soubesse quando seria possível.  A oportunidade imperdível surgiu este ano, mais precisamente em abril e foi aproveitada dentro de boas condições climáticas. Bastante sol e alta temperatura aliados ao conforto de um transatlântico apropriado para essas viagens marítimas tornaram o programa inesquecível. O roteiro foi Cartagena das Índias – Curaçao – Aruba – La Guaira (Venezuela) – Collón (Panamá) – Cartagena das Índias.

Um dos bares do navio
 Para não perder o hábito inato de “anotador” que tenho, fiz diversas anotações de
momentos e fatos que foram surgindo no decorrer da viajem. Compartilho algumas delas com os leitores.

 Cartagena das Índias – Ainda é um enclave holandês em terras americanas que tem autonomia relativa. Sua maior atração turística é protagonizada por um belíssimo e cuidado centro histórico onde se sobressai uma colorida arquitetura flamenga. A praia que visitei (ficava defronte ao hotel) não se destaca pela beleza, mas tem uma intensa participação popular com um assédio comercial muito grande, bem típico de algumas praias nordestinas.

Embarque no porto de Cartagena


Curaçao – Foi descoberta em 1499 pelos espanhóis. Outra ex-colônia holandesa, possui uma cultura mista de holandês, português, espanhol e africano. Apesar de que a Holanda seja o país predominante, o próprio nome tem origem portuguesa, que viria da palavra “coração”. Possui, também certa autonomia, tendo um presidente eleito diretamente, mas há um governador nomeado pela Holanda.  Os idiomas principais são o holandês e o papiamento, este originado de uma mistura de várias línguas
Casario de Curaçao
Arquivo Nacional
  Aruba – Em matéria de praia, entendo que é a campeã. Estivemos em Eagle Beach, um local belo e limpíssimo, com mar completamente azul, mas com pouca sombra. Aqui os preços são os mais elevados do passeio: uma barraquinha por U$20 (RS80,00) e uma cadeira por U$5(RS20,00). A maioria dos bares são dos hotéis e resortes de luxo.

 Caracas (Venezuela) – O ponto de maior destaque é o Parque de La Guaira, uma enorme mata natural que contém um interessante teleférico que sobe 2000 metros, proporcionando uma espetacular visão, incluindo uma parte de Caracas, uma cidade moderna e dinâmica, embora tenha diversas favelas superpovoadas. A presença do Governo é visível nos equipamentos públicos.
Habitação Popular
Teleférico de Caracas

  Collón (Panamá) – A eclusa de Gatun, no Canal do Panamá é um local interessante para visitas. Sua construção precisou de 10 anos para ser concluída (1880/1890). Originalmente, o Panamá foi um departamento da Colômbia. A obra tem 100 anos de uso e continua em perfeitas condições de funcionamento. É constituída de uma série de eclusas e um lago artificial que possibilita a ligação do Pacífico e do Atlântico. Por ele, transitam, principalmente, petroleiros e outros navios de transporte e recreação que pagam, em média, de U$4.000 a U$400.000 para transpô-lo.
Entrada e saída do canal

 Vida a bordo 
 Tempo - Durante a viagem os passageiros têm sua idade alterada porque há uma variação constante de horário: aumenta uma hora; atrasa meia hora e assim vai. Você  pode envelhecer e rejuvenescer de um dia para outro.

Interior do navio
 Diversão - Há uma programação contínua para todos os gostos. Desde um simples joguinho de bingo até um cassino, onde se entrega os custosos dólares porque ali ninguém ganha nunca.

 Comércio - O comércio é praticado diariamente através de diversas ofertas de artigos. É um verdadeiro centro comercial marítimo que vende desde uma camiseta até um relógio de alto valor.

 Comunicação – A comunicação com seu lugar de origem é absurdamente cara. Para usar um telefone é preciso comprar um cartão, pagando U$50 que lhe permite utilizar dez minutos de ligações. Os planos para uso da internete também têm alto valor e, na maioria das vezes, não funcionava a contento, obrigando os passageiros a só se comunicarem quando o navio estivesse atracado em algum porto.

 “Pragas” – Duas pragas principais assolam também os navios: as tradicionais ginásticas dirigidas por profissionais de educação física e as músicas “tipo tum-tum”, que infestam os ouvidos impiedosamente. Parece que há uma campanha mundial (consciente ou inconsciente) para detonar a boa música. Até acho que isso é uma ação coordenada dos “infernautas”!

 Bonés – Parece que esta moda veio para ficar. Não há faixa etária que não os use. Aliás, já vi uma pessoa com boné dentro de uma Igreja. Nos restaurantes não se tira da cabeça nem na hora da refeição.

 Na avaliação final, o resultado é positivo. Esta é uma boa maneira de aproveitar-se o tempo de lazer, servindo, também, para estabelecer-se relacionamentos até mesmo com pessoas de outras culturas e vivências.
Monarch em repouso







quinta-feira, 21 de abril de 2016

O IMPEDIMENTO: PERGUNTAS QUE PEDEM RESPOSTAS


 É o tema do momento. Ficar indiferente é quase impossível. Seu resultado, seja qual for, atingirá todos os brasileiros e demais residentes no País. É verdade que, como uma espécie de complementação social, estamos tendo a oportunidade de avaliarmos causas e conseqüências de um mau comportamento político que vem sendo praticado pela maioria dos nossos representantes nas Casas Legislativas. Cada um pode observar na prática como está sendo representado através da posição que o seu eleito está tomando. A grande pergunta que fica para os eleitores é: “O meu deputado – ou senador” está agindo conforme o que eu esperava dele quando o elegi? A esta pergunta somente cada cidadão pode responder para si próprio.

 Existem, no entanto, perguntas para as quais a comunidade – ou parte dela – pede respostas. Selecionei algumas conforme o enfoque que tenho sobre a situação relativa ao pedido de Impedimento da Presidenta que ora está em tramitação no Senado da República.

l) Se for aprovado o Impedimento da atual Presidenta, haverá, também, o mesmo procedimento para o Vice-Presidente que teria praticado os mesmos “crimes” que foram cometidos por ela?

2) No caso positivo para a primeira pergunta, os partidos de oposição também se posicionarão favoráveis a mesma sanção que querem para a Presidenta?

3) Se for aprovado o Impedimento para a Presidenta haverá, também, pedidos da oposição de 18 Estados onde o mesmo “crime” vem sendo praticado pelos respectivos governadores?

4) Se a Globo fosse contra o Impedimento da Presidenta haveria tanta divulgação de comportamentos errados de membros do Governo, ou tudo ficaria esquecido como ocorreu no episódio da compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique?

5) Se não for aprovado o atual pedido de Impedimento pelo Senado, o Deputado Eduardo Cunha colocará à apreciação todos os outros que se encontram na Câmara até que se consiga cassar a Presidenta?

6) Como votarão os deputados que aprovaram o Impedimento da Presidenta no processo de cassação do mandato de Eduardo Cunha, se algum dia isso vier a ocorrer?

7) Depois da Presidenta Dilma, a quem a Globo escolherá para vítima de suas tramas midiáticas?

8) Será que, depois de uma eventual cassação da Presidenta, o Juiz Sérgio Moro voltará aos Estados Unidos, em férias?

9) Quando será que o Juiz Sérgio Moro vai chamar os implicados na Operação Zelotes, na qual foi mencionada uma grande empresa gaúcha de comunicação entre outras de igual “importância”?



 Por enquanto é suficiente para levar-nos a meditar sobre uma infinidade de interesses que se escondem detrás de atitudes tomadas, por autoridades ou não, as quais, às vezes, não chegamos a atinar. Precisamos repensar a autoproclamada neutralidade da mídia, quando transmite uma notícia querendo levar-nos, sub-repticiamente, a uma interpretação que ela mesma tem. As informações devem ser colhidas primeiramente junto a fontes que consideramos fidedignas para podermos formar nossa própria opinião. Amém!

terça-feira, 5 de abril de 2016

O IMPEDIMENTO: A IDEOLOGIA DO DEBATE


 O cenário nacional encontra-se agitado e confuso. Isso é inegável. Nem tanto quanto proclama a mídia alarmista cujo comportamento tragicômico é nosso conhecido, e nem tão pouco que não deixe de trazer-nos alguma preocupação. Os posicionamentos têm sido demonstrados, de uma maneira geral, verbalmente agressivos, principalmente através das chamadas redes sociais. Talvez esses longos anos de silêncio forçado não tenham contribuído para que tenhamos um hábito mais saudável de convivermos com pensamentos diversificados. Quer sejamos “petralhas”; quer sejamos “tucanalhas” temos que acabar entendendo que as ideologias que introjetamos e que servem de balizamento para nosso comportamento social, são sempre discutíveis. Se o homem é um animal imperfeito é lógico que produza coisas imperfeitas. Os óculos ideológicos que usamos são os que nos levam a interpretar os fatos de acordo com aquilo que aceitamos como melhor. Eu próprio, no momento em que escrevo este comentário, estou encarando a realidade brasileira atual conforme a “ideologia” que orienta meu posicionamento. É preciso que cada um assuma suas próprias posições, aceite as decisões da maioria, mas continue lutando por aquilo que defende sem querer implantar suas ideias pela força ou através de maquinações ilegítimas ou ilegais.

 Nesta linha, sob este ponto de vista, gostaria de expor meu pensamento sobre o que tem ocorrido ultimamente, mais especificamente sobre o que vem acontecendo no relacionamento entre os três poderes constituídos do País – Executivo, Legislativo e Judiciário, que são os pilares fundamentais que sustentam um regime republicano representativo como o que é adotado pelo Brasil. Há uma clara disputa entre dois blocos representantes da sociedade brasileira atual. A base de toda a discussão representada pelas atuais querelas é, certamente um embate ideológico. Ele é protagonizado por uma esquerda parcialmente inoperante que se instalou no poder, a partir do primeiro governo Lula, e uma direita revigorada pela crise econômica-política-financeira que se instalou no País por diversos motivos, entre os quais a carência de reformas de base necessárias para o desenvolvimento equânime que abranja essa enorme parcela da população brasileira que permanece à margem dos benefícios que podem ser usufruídos em um país medianamente desenvolvido.

 Tenho para mim, que o mais preocupante nesse desencontro são algumas decisões que tem sido tomadas pelo Poder Judiciário acarretando, no mínimo, situações de dúvida quanto ao papel de Poder Moderador que lhe cabe constitucionalmente. A legitimidade legal imposta pela Carta precisa, também, ser respaldada por uma confiança da coletividade sem que haja comportamentos dúbios. Essa confiança não pode ser titubeante. Não pode haver nem dúvidas, nem mesmo pequenas falhas porque elas podem conduzir à generalização e ao fracasso do processo no seu total. Isto seria altamente desastroso para a comunidade que aguarda, ansiosa, por uma solução que lhe devolva a tranqüilidade política e para que o País possa retornar ao caminho do pleno desenvolvimento que anunciou trilhar em passado recente. O Poder Judiciário representa, hoje, uma esperança para a definição de uma solução que nos devolva a tranqüilidade e, por isso, ele não pode agir nem com ingenuidade nem com parcialidade. Ele precisa ser imune às pressões de todos os segmentos e tomar a decisão apropriada para o momento, mas, para que isso seja factível, é necessário agir com rigor inclusive com seus próprios componentes. A Suprema Corte não deve ser influenciada por qualquer ingerência político-partidária que a leve a desviar-se do caminho principal. A seus próprios membros cabe responsabilizar-se por uma mútua fiscalização interna, objetivando a decisão mais acertada de acordo com a legislação vigente e com vistas ao bem-comum tão almejado.

 Não é hora para estrelismos provenientes de vaidades pessoais. O momento está a exigir uma resposta sábia daquelas pessoas que têm sob sua responsabilidade a condução de uma solução que o País aguarda. Isso dentro de normas já definidas para uma convivência em harmonia. Deve haver um esforço verdadeiro no sentido de aceitarem o que for melhor para o maior número possível se é que não pode ser para todos. O primeiro passo é reconhecer que os pólos em conflito precisam  ganhar e perder um pouco para que se possa encontrar pontos comuns que levem a um entendimento final. Sem essa disponibilidade não há como dar-se qualquer negociação.

 Aos cidadãos bem-intencionados resta aguardar que essa resposta venha no menor tempo possível “para a felicidade geral da Nação”.