terça-feira, 18 de março de 2014

JAGUARÃO "FRANCO"?

  O título jocoso é mais para revelar minha surpresa com uma nota, publicada no Jornal do Comércio de hoje - 18 de março de 2014 -, intitulada "Jaguarão", noticiando a existência de um projeto de lei (1081/03), tramitando na Câmara dos Deputados, de autoria do deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB/RS), propondo a criação de uma área de livre comércio na cidade de Jaguarão. A proposta estabelece isenção de imposto de Importação e IPI.

  O projeto já foi aprovado na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia e está sendo encaminhado para análise das Comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

  Segundo a nota, a tramitação tem caráter conclusivo e, portanto, depende apenas de decisão nas Comissões dispensando sua apreciação em plenário. Não esclarece se, também, depende de aprovação  do Senado nessas mesmas condições. Confesso minha ignorância em matéria de Regimento Interno do Congresso Nacional, mas é um detalhe que pode ser averiguado.

  Parece-me que o inusitado da questão é que já existe uma em lei em vigor estabelecendo um regime especial de comércio para as chamadas "cidades gêmeas" no Brasil que, conforme é sabido, está sendo regulamentada na área da Receita Federal há mais de um ano. Surge, agora, uma lei que, se aprovada, beneficiaria apenas a cidade de Jaguarão! Qual delas valeria no caso de aprovação de duas leis? Ou não são concorrentes nem se sobrepõem?  Vamos procurar respostas para esses questionamentos e outros mais que surgirem.

terça-feira, 11 de março de 2014

JORNALISTA É BEM REMUNERADO?

 A pergunta me ocorre a propósito de um fato que venho observando na mídia local. Embora as lideranças dessa categoria venham realizando campanha salarial, não vi, até hoje, nenhuma menção ao assunto em qualquer um de nossos dinâmicos veículos de comunicação, quer sejam da imprensa falada, escrita ou televisionada. Bem, em nenhum estou exagerando: vi uma "microentrevista" sobre o tema no canal de televisão estatal, no final do ano passado, com um membro do Sindicato dos Jornalistas, cujo nome e cargo não guardei na memória. Assisti, também, a uma pequena passeata , em um domingo no brique da Redenção, pareceu-me que, na sua maioria, constituída de estudantes universitários de jornalismo. Eles distribuíam panfletos e portavam uma faixa com os dizeres "Sem jornalista não tem notícia" (sic).

 Pensei que tomaria conhecimento de alguma menção em jornal, rádio ou tv, sobre o temário ou conclusões de um recente "congresso estadual de jornalismo", do qual tive ciência através de uma nota de apenas nove "magras linhas" em um diário da Capital. Segundo aquela notícia o evento deve ter ocorrido nos dias sete e oito deste mês, nas dependências da Câmara de Vereadores.

 De uma maneira geral quando uma categoria se sente prejudicada a primeira providência é divulgar suas reivindicações, dentro do possível, através dos meios de comunicação. Não vi isso ocorrer em relação às demandas dos jornalistas/radialistas (Se é que existem, é óbvio!). É lógico pressupor, portanto, que esses profissionais - na sua ampla maioria, ao menos - devem ser muito bem remunerados e suas condições de trabalho também devem ser excelentes que dispensam qualquer tipo de reivindicação. Ou, ainda, que não concordam em nada do que pensam seus representantes legais. E concluo isso porque não passa pela minha cabeça que eles possam praticar auto-censura ou que sejam impedidos de manifestarem-se sobre o assunto pelos empresários do setor.

 Não é demais acrescentar, também, que a grande maioria (ou todos?) dos âncoras, que ouço em programas diários que sintonizo, sempre ressaltam o caráter incontestável de liberdade de expressão seguido por toda a mídia do Estado, assim como pela imprensa nacional.

 Não sei qual é a posição daqueles poucos que me acompanham neste espaço, mas eu tenho, no mínimo, curiosidade para saber qual é o "tabu" (se existir) que envolveria o caso de um grupo de profissionais da imprensa expressando seu "sagrado direito" de manifestação em um País onde se pratica a plena liberdade de imprensa, tão apregoada nas democracias!

sábado, 8 de março de 2014

OITO DE MARÇO

Falando em mulher

 Em homenagem às minhas leitoras, pela  data, lembrei-me de buscar as palavras sensíveis de um inspirado poeta jaguarense.  Tomei emprestada - imaginando que teria sua permissão - uma poesia de José Paulo Nobre.O autor, atualmente morando em Rio Grande, foi meu contemporâneo em Jaguarão quando frequentávamos os bancos escolares do hoje segundo grau. Já naquele tempo (lá pelos idos de 1962 se não me falha a memória) o "Zé Paulo" nos brindava com sua inspiração, inclusive com algumas produções lidas em apresentações que costumavam ocorrer no Theatro Esperança ou no Círculo Operário, ou até mesmo publicadas no "mural" (lembram?) da então Escola Técnica de Comércio (curso noturno). Sua obra é vasta e dela tenho comigo uma publicação lançada em Porto Alegre, em 1998, intitulada "Um milagre chamado poesia", da qual extraí a poesia que hoje estou publicando.

                                                         A mulher que a gente ama
                                                                               (José Paulo Nobre)

A mulher que a gente ama,
é como o universo:
A gente quer
saber-lhe todos os mistérios,
arrebatar-lhe todas as distâncias
e unir todas as galáxias,
da esperança à certeza,
Nave-Luz em viagem sideral
do corpo à alma...

A mulher que a gente ama,
é como a Poesia:
a gente quer escrevê-la toda
e estar em cada frase
e em cada compasso,
como se fosse vital
o não apenas Ser
mas o intrinsicamente Estar...

A mulher que a gente ama,
é como uma Árvore:
a gente quer
que dê flores e frutos
e quer sua sombra,
seu verde e seu porte...
Sombra para acalmar
sóis de ávidas andanças;
verde, para alimentar
o dia-a-dia com sua força
e o porte para nos manter
sempre acima dos próprios sonhos...

A mulher que a gente ama,
é como uma Estrada:
a gente quer percorrê-la toda...
conhecer-lhe todos os meandros...
adivinhar-lhe todas as curvas
e estender-se em suas retas...
buscar atalhos
e amar sua propensão
a chegadas repentinas
e encontros em fins de tarde...

A mulher que a gente ama,
é como uma Casa:
a gente quer morar nela...
conhecer-lhe todas as dependências
e habitar-lhe cada sala,
cada corredor, cada quarto
e abrigar-se nela
e, nela, saber-se em paz...

A mulher que a gente ama,
é como o Nascer e o Por do Sol...
é como um Rio sem Corredeiras...
é como um imenso Lago
de águas sempre tranquilas...
mas, se for, por acaso,
como um Encapelado Mar,
haveremos de navegá-lo
em segurança,
Marinheiros da Ternura
Capitaneando a Ânsia,
até alcançarmos o bendito porto
do Encontro Total...

(In Um milagre chamado poesia, 1a. ed., Pelotas, Livraria Mundial, l997 - pág. 48)