terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

AS GUERRAS DE TODOS NÓS


 Indiscutivelmente, o mundo, hoje, está mergulhado numa série de conflitos bélicos, localizados em suas mais diversas regiões e sob a alegação dos mais diversos motivos. Assim, morrem milhares de pessoas que acreditam estarem defendendo sua religião, sua cultura, seu território ou seu direito de expressão, entre outros. Todos eles sagrados, sem qualquer dúvida. A questão a ser debatida é a de saber se, realmente, os motivos que levam a tanta estupidez são legítimos ou se apenas correspondem à ganância narcísica de megalomaníacos ávidos de poder ou de dinheiro.

 Quem achar que não tem nada a ver com o que está ocorrendo, diariamente, em todo o mundo é ingênuo (ou desinformado) o bastante para não saber que a tão decantada “globalização” serve tanto para o negativo quanto para o positivo. Não quero entrar em juízo de valores para discutir qual das ditaduras está com a verdade. Se a ditadura do capital financeiro, incorporada, atualmente, pelo império estadunidense que quer dominar o mundo e, para atingir esse objetivo, não hesita em jogar bombas mortíferas sobre crianças e mulheres indefesas ou a ditadura do fanatismo, que mantém regimes, às vezes familiares e domésticos, com mão de ferro e tenta sobrepujar culturas distintas obrigadas a conviver  em territórios nos quais não possuem qualquer autonomia. Só para exemplificar, neste último caso, podemos lembrar dos curdos, dos palestinos, dos ciganos, que, atualmente, são os que mais tem sido mencionados pela mídia. Sabemos que todos esses conflitos – muitos deles provocados artificialmente - tem como principal causa a busca da hegemonia econômica de grupos para os quais a vida não vale mais do que maiores saldos em contas bancárias.

 E os ditos conflitos religiosos hoje tão presentes em nosso noticiário quotidiano? Bom, deuses bélicos não são novidades na história. “Meu Deus” (invoquei o meu) quantas ignomínias se concretizaram em teu nome ao longo do tempo! O problema, se eles existem mesmo, vai ser explicar-lhes porque tantos crimes precisaram ser praticados em seu nome! Aqui na terra, ainda não se conseguiu admitir a legitimação desses atos criminosos como vontade dos deuses atuais, sejam eles quais forem.

 Em torno desses conflitos, a indústria bélica vai acrescentando gordos dividendos a acionistas que se sustentam da morte, da miséria, da doença e da fome, em escala cada vez mais ampla. Mesmo que esse custo inclua até mesmo condenar seus próprios jovens a perderem a vida, inutilmente, tanto do lado de agressores quanto de agredidos. É quase desnecessário mencionar aqui a guerra do Vietnã e, recentemente, a ocupação de outros tantos territórios do Oriente Médio e - para citar o outro lado - a criminosa utilização de “crianças-bombas” em atentados que culminaram com a morte de várias pessoas.

 O poder, que é uma das invenções mais diabólicas exercidas pelo homem, também é um componente importante de uma guerra. Neste caso, é por demais evidente a disputa de força entre as lideranças responsáveis pelos genocídios que vem ocorrendo.

 Digo que estas são uma guerra de todos nós, não só porque sofremos, diariamente, direta ou indiretamente, suas conseqüências, como, também, porque cada um certamente terá sua opinião favorável ou contrária a uma das partes envolvidas mas, sobretudo, porque nós, brasileiros, habitamos um país que, potencialmente, detém, por exemplo, as maiores reservas de água doce do mundo e este produto poderá ser causa de

conflitos em um futuro não tão distante. Hoje, nosso “petróleo”, aparentemente, ainda não é motivo de cobiça, mas, no futuro, os preciosos mananciais hídricos localizados em nosso território poderão ser alvo de interesse de países que estejam carentes de água potável necessária a sua sobrevivência.


 Envolver-se com a guerra não é, apenas, assistir seus horrores na TV como se fossem os joguinhos eletrônicos tão curtidos pelos nossos jovens e não só por eles. Algumas pessoas no mundo inteiro (poucas, ainda, infelizmente) já entenderam que é necessário mostrar sua indignação com o que está ocorrendo, na esperança de que, um dia, os poderosos de plantão ouçam a voz dos que ainda defendem que um novo mundo é possível desde que os que acreditam nisso se manifestem.