Será que os leitores
ainda lembram que foi deflagrada, em março deste ano, pela Polícia Federal uma
determinada operação denominada
“Zelotes”, que havia detectado uma movimentação bilionária fraudulenta envolvendo
um determinado grupo de empresas (inclusive algumas de nosso Estado) dirigidas
por uma elite do empresariado nacional? E não estamos falando aqui em
participação de políticos na mencionada falcatrua, o que não seria nenhuma
novidade, mas o estranho neste caso é que a “grande mídia” simplesmente faz
apenas pequenas menções em espaços pouco visíveis sem as tradicionais manchetes
atribuídas a outras operações que permeiam os noticiários da imprensa escrita,
falada e televisionada. Certamente não é
porque o valor financeiro da fraude não seja significativo pois, segundo as
primeiras investigações da Zelotes, os prejuízos para o erário público podem chegar
a 90 bilhões de reais, isto é, várias vezes o valor que se atribui à fraude que
envolve, por exemplo, diretores da Petrobrás e políticos de vários partidos à
qual os mesmos meios de comunicação destacam diariamente à exaustão.
O escândalo da
Zelotes é uma investigação envolvendo apreciações realizadas pelo Conselho Administrativo
de Recursos Fiscais (CARF) que tem a competência de julgar, em grau de recurso,
questões que envolvem multas aplicada a empresas por descumprimento de normas
legais diversas. A principal suspeita é a de que as empresas tenham pago
propina para que fossem manipulados resultados de julgamentos na Receita
Federal. O Conselho é composto de 216 fiscais, sendo 113 representantes da
própria Receita e 113 da sociedade civil e os processos são examinados através
de dezesseis câmaras. Quando a questão chega a esse nível a União não tem mais
para quem reclamar, tendo que submeter-se a essa decisão final.
Segundo declarações
de um dirigente da Associação dos Fiscais da Receita Federal já existe um
precedente nesta área. Em 2005, foi encetada a Operação Anfíbio, tendo sido detectada
a participação de auditores em questões fraudulentas das quais participavam
várias empresas e pessoas físicas, entre elas a montadora FIAT e um
ex-candidato à presidência. O montante sonegado atingia 50 bilhões.
Segundo manifestação
de um Delegado Federal, na Operação Zelotes, a Polícia , com sua atuação,
conseguiu detectar, inicialmente, em setenta e quatro julgados, quinze empresas
envolvidas, chegando-se a uma sonegação de quase cinco bilhões em investigações
que atingiram vinte bilhões de reais. Excetuando-se os casos fraudulentos, a
Receita Federal tem vencido 95% dos casos submetidos ao CARF, numa óbvia
demonstração de que, na sua maioria absoluta, as questões que chegam para
decisão do Conselho dão razão à União.
Pude constatar que,
neste período que vai da anunciada Operação Zelotes até esta data, uma empresa
de comunicação do Estado “mencionou-se” em duas oportunidades entre as
investigadas na Operação sem qualquer comentário sobre culpa ou inocência em
relação à dívida de 150 milhões de reais que acabaram transformando-se em 15
milhões depois da “maquiagem” possibilitada pelas manobras com participação de
membros daquele Conselho e empresas especializadas em fraudar o Fisco. Uma das
matérias mencionava que o valor relacionado a uma outra empresa gaúcha atingia
a mega importância de um bilhão de reais sonegados.
Embora o Ministério
Público tenha solicitado buscas, apreensões e até prisões dos investigados,
elas foram negadas pela Juíza que cuida da questão.
A nossa estranheza é
sobre o aparente desinteresse da grande mídia em uma questão que, como se pode
observar, é muito mais prejudicial para o País em termos de valores envolvidos.
Aliás, de um modo geral os meios de comunicação tem-se preocupado muito em
alardear o impostômetro (registro dos impostos pagos), sem fazer menção ao sonegômetro
(registro dos impostos sonegados) que, somente neste ano de 2015, até o mês de
junho, já atingiu 200 bilhões de reais, o que corresponde a mais de duas vezes
o que poderá ser economizado com o reajuste fiscal planejado pelo Governo
Federal com o que pretende contribuir para debelar a crise financeira em que o
País se encontra.
Em relação à grande
mídia (conhecida por PIG), é interessante ver como torcem contra o Brasil.
Recentemente, em uma rádio local, tive oportunidade de escutar do âncora, que
estava para entrevistar um especialista sobre a situação econômica: “Quando o
senhor acha que o Brasil vai-se tornar uma Grécia?”. Assim, com todas as
letras. Conclusão minha: isso não é ser contra um governo (o que é legítimo); é
ser contra o País!
Com a Operação
Zelotes constata-se que, assim como temos políticos desonestos no Brasil,
também há empresários desonestos, que surrupiam o dinheiro que o contribuinte
paga junto com o preço da mercadoria ou serviço que adquire. A se confirmar mais
esse crime financeiro, quem sabe uma empresa bem conhecida de todos os gaúchos
passe a chamar-se “RBZ”...