Deixei passar um
pouco de tempo do final patético protagonizado pela assembléia dos anciãos da
pátria que culminaram com uma “apropriação indébita” de um mandato popular sem
qualquer razão plausível para que isso acontecesse, para reordenar minha mente
e atinar com a verdadeira motivação para que isso acabasse ocorrendo.
Cheguei a uma
conclusão. A motivação não foi política muito menos jurídica. O que levou a
maioria das excelências e cassarem o mandato da Presidenta foi VINGANÇA.Simples assim: vingança da elite que comanda as ações
sociais, políticas e econômicas que vicejam no País, desde seu descobrimento.
Naturalmente que deve reconhecer-se que
houve uma evolução na metodologia utilizada, mas a ambição é a mesma: dominar e
fazer com que não haja nem uma pequena mudança em favor de quem não faça parte
de seu clã. Os mais abastados devem continuar usufruindo de todas as riquezas
desta maravilhosa terra (abençoada por Deus, dizem alguns) e o proletariado (ou
o quer que o represente) deve continuar pagando a conta...e calado pelo que se
vê de repressão nas ruas. O Congresso – os que recomendaram (a Câmara) e os que
cassaram (o Senado) foi, apenas, mero instrumento para que essa elite
repressora e retrógrada atingisse, mais uma vez, seu objetivo. Digo retrógrada
porque não consegue visualizar que – se não abrir mão de nada - mais cedo ou
mais tarde, vai sofrer uma derrota pela ambição desmedida que a faz acumuladora
de bens cada vez mais em benefício de uns poucos privilegiados.
Esse desejo de
vingança não é de agora. Ela se revela contra os primeiros benefícios
estipulados pelas leis trabalhistas, há décadas, proporcionadas por um governo
popular e continua, reforçado, depois, pela eleição de um torneiro mecânico quase
analfabeto para presidente. É vingança, sim, contra o fato de que 30 milhões
saíram da pobreza absoluta e outros milhares puderam atingir uma universidade.
Vingança contra um governo que obteve respeitabilidade a nível internacional e
conseguiu pagar sua dívida externa. Depois de tudo, ainda o “populacho” comete
a ousadia de eleger uma ex-guerrilheira que combateu o regime que eles
apoiavam. Isso é muita afronta e não pode ser admitido que continue grassando
esse nivelamento social que pode acabar eliminando a diferença que deve ser
mantida entre classes socialmente desniveladas pela mãe-natureza.
Então, quando eles
votavam “sim”, estavam dizendo “não” a um mandato que, se não foi brilhante, ao
menos continuou seu lento trabalho de distribuição de oportunidades para um
maior número de brasileiros. Como já disseram “não” à tributação das grandes
fortunas; à CPMF que não deixa ninguém fora e estabelece um controle de
movimento de capitais que hoje escapam ao fisco. Disseram “não” ao
financiamento do estudante de baixa renda; disseram “não” ao bolsa-família e ao
Pro-Uni. Disseram “sim” à privatização
das estatais e à entrega da Petrobrás ao capital estrangeiro.
O Congresso, neste
momento, personificou tudo o que existe de entreguista e atrasado em nosso País
em matéria política. Representou, brilhantemente, a elite que reina no País com
plenos poderes, graças a uma mídia que solapa a informação e trama junto com essa
elite sua permanência na direção de uma administração que acaba igualando nosso
País a uma republiqueta qualquer onde os poderosos decidem tudo a seu
bel-prazer sem qualquer preocupação com o restante da sociedade.
Por isso, acredito
que, acima de qualquer outra motivação, a causa principal deste falso
Impedimento, foi o desejo de vingança da nossa elite contra o pouco que
poderíamos estar alcançando em matéria de avanço social.