MÍDIA: LIBERDADE e liberdade
Sem dúvida a questão
da liberdade de imprensa é um tema que permite as mais diversas interpretações.
É tão controversa que há quem diga que nem isso se deveria discutir: se há
dúvida; ela não existe. Pode ser. E pode não ser. Vamos debater somente a questão brasileira?
Temos ou não temos liberdade de imprensa no País? Em um primeiro momento, os
mais afoitos responderiam que sim, sem qualquer delonga. Outros – neles me
incluo – responderiam: sim...e não... É complicado mesmo!
Há algum tempo, numa
madrugada daquelas sem sono, em que não se acha o que fazer para enganar o
tempo, deparei, na TV, com uma entrevista que estava sendo concedida pelo conhecido
jornalista e escritor Fernando Moraes, autor de “A Ilha”. O entrevistador de um
conhecido canal privado afirmava, em determinado momento: “Em Cuba não há
liberdade de imprensa”. Ao que o entrevistado respondeu de pronto: “É verdade.
Nem no Brasil. Aqui há liberdade de empresa: não de imprensa!”. Não preciso
dizer que o assunto foi imediatamente trocado. Por que isso? Provavelmente até a
própria entrevista sendo transmitida em uma hora tardia para espectadores
comuns, já fosse indício de que alguma coisa acontece com intenção de não se atingir
um determinado número de audiência talvez porque o tema não deva ser levado
para um debate qualificado.
Recentemente, postei
em meu blogue (www.wenceslaugoncalves.blogspot.com.br)
uma matéria que intitulei “Jornalista é bem remunerado?” e tive a petulância de
encaminhá-la a diversos desses profissionais que escrevem diariamente em nossa
mídia. Somente um deles retornou-me, sem comentários ou detalhes, dizendo,
apenas, que era remunerado de acordo com o salário da categoria. Minha
provocação (reconheço) devia-se ao fato de que nunca escutei nem assisti em nossa mídia qualquer comentário – por
mínimo que fosse – sobre a campanha salarial desses profissionais que era,
então, encetada pelo sindicato da categoria quase em segredo, (ao menos para a
mídia) sem qualquer divulgação . Isso seria um indício que existe uma
“auto-censura” ou uma (como diria) “censura empresarial” na nossa imprensa?
Devo confessar que
não acredito em qualquer tipo de liberdade com monopólio. Seja político; seja
econômico; seja de mídia. Hoje se pode afirmar que a “liberdade de mercado”,
cantada em prosa e verso é uma balela. O poder financeiro dos grandes grupos
econômicos “criam” e “destroem” mercados de acordo com seu interesse
momentâneo.
E dizem os entendidos
que no Brasil – um País de 200 milhões de habitantes – a imprensa é controlada
por quatro famílias. E eu acrescento: por mera coincidência elas estão entre as
maiores fortunas do País e, consequentemente, do globo.
Um dos grandes
mestres da comunicação, o consagrado jornalista Mino Carta que tem uma longa
história de lutas, afirma que o papel do jornalista obedece a três ditames:
“fidelidade ao fato; espírito crítico e fiscalização do poder”. Sem dúvida, os
dois primeiros são amplamente exercidos pela grande mídia, com as ressalvas de
praxe. Digo eu: a grande questão é em
que termos se dá o primeiro sem que se transforme em uma interpretação dele (jornalista), conduzindo
o leitor a uma aceitação de acordo com a ideologia dominante, que é,
obviamente, a dos empresários da comunicação (Os patrões). São estes que ditam
as linhas de comportamento dos meios de comunicação que, no caso de monopólio,
é única e incontestável. Senão vejamos: Por que determinados temas atingem a
unanimidade entre os colunistas? Os que discordam são uma exceção, talvez para
confirmar uma regra. Será que todos os comentaristas têm a mesma maneira de
pensar, sobre o bolsa-família, por exemplo?
Ou todos expressam uma opinião que não é a deles, mas é a “oficial” da
empresa? Leia três jornais do dia e veja como eles encaram um tema – geralmente
polêmico – com a mesma opinião. E aqui há mais um quesito importante: notícia e
opinião. Essa simbiose, nem sempre
detectada pelo leitor, acaba formando a “opinião pública” de acordo como é
“fabricada” a notícia.
Na verdade sou um
apaixonado pelo tema da liberdade de imprensa. Eu o considero fundamental para
o desenvolvimento de uma consciência crítica que nos possa conduzir a uma sociedade igualitária ou, ao menos, não
tão desigual como é hoje. Em minha modesta opinião, sem que as pessoas estejam
em plena compreensão do que são legítimos direitos só pelo fato de serem gente,
não conseguiremos alcançar o objetivo desejável.
(Publicado no Jornal Fronteira Meridional/Jaguarão – 01.10.14)
Candidato a emprego no Jornal
ResponderExcluiré solicitado a redigir nota
sobre Getúlio Vargas
e na dúvida pergunta:
contra ou a favor?
E foi logo admitido.