Dá para dizer que,
atualmente, ele é o pau mais famoso do mundo. Ele pode ser pequeno ou grande, guardadas
as proporções de sua finalidade e de seu portador eventual. Ele pode ser de
madeira; de ferro ou seja lá de que matéria possa existir modernamente. Suas
cores variam conforme sua constituição e gosto de seu proprietário.
É usado por muitos, independente de faixa etária. Também não faz distinção de sexo ou
nacionalidade para escolher seu dono. Homem ou mulher e recebe exclamações em várias línguas. É exibido com galhardia e
o que se vê é que todo o mundo sorri quando o enxerga. Em resumo, ele sempre
trouxe alegria desde que foi concebido. Acho que é uma espécie de guru para
alguns.
Ele é facilmente
portável. Pode ser pendurado no cinto ou carregado em uma bolsa feminina dessas
que levam de tudo um pouco.
Parece que veio para ficar. Ao menos até que seja inventado
um outro instrumento que possa substituí-lo com mais vantagens.
Ao vermos sua
proliferação tão rápida, chega-se a conclusão de que ele passará a ser uma
necessidade em breve. E isso não deixa de nos levar a pensar que ele vai acabar
com muitos contatos cordiais que acabam se formando, durante uma viagem,
principalmente, após um inevitável “Pode-fazer-o-favor-de-bater-uma-de-nós?”. Da
resposta poderia acontecer um contato inicial
que acabaria concretizando – quem sabe? – uma futura amizade até mesmo
internacional, às vezes. Agora, não! Depois do surgimento desse pau, as pessoas
já não vão ter uma desculpa para “quebrarem o gelo” em um passeio conjunto em
lugar freqüentado pelos turistas.
Em resumo, esse pau,
em vez de apenas ser útil para suprir a deficiência de um aparelho que faz
quase tudo (um telemóvel, por exemplo) vai acabar contribuindo ainda mais para
o isolamento das pessoas, ou não? As pessoas, agora, são autossuficientes para
se auto-retratarem sem terem que levar um tripé pesado e incômodo de carregar.
É a tecnologia e o talento criativo aumentando os canais que proporcionam maior
incomunicabilidade. Será que os que ainda não aderiram ao “pau-de-sélfi” (Estou
falando dele, é claro) também já não sentiram que não podem usar o “bate pra
mim” pois vão ser julgados chatos porque não se renderam ao modernismo?
Bom, isso podem ser
apenas ponderações que podem ser muito fundamento, mas já me levam a vacilar na
minha crença se estamos entrando na “geração do boné” ou na “geração do
pau-de-sélfi”. Deixa pra lá!...
Vou precisar de uma limpeza em minha mente para não ficar pensando em bobagens, ainda mais inspirado na ironia que se insinua através da leitura dessa rica crônica nos conduzindo por um percurso a escamotear real desfecho...
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