Era no tempo em que a Terra apenas estava no
início de sua existência.
A mãe-flor produzia
suas sementes em série e as jogava no solo para que a natureza as
multiplicasse. O vento se encarregava de semeá-las no entorno. Quando vicejavam
elas se tornavam também mães-flores e se disseminavam, aumentando o espaço colorido
com suas vidas.
No entanto, havia uma
dessas sementes produzidas pela mãe-flor que não quis ser carregada pelo vento
para a planície. Queria ir para a montanha de pedra inóspita, que não tinha
nenhuma condição de alimentar uma flor, para que ela pudesse encantar também o
alto da montanha com sua beleza. Era isso o que queria a flor-teimosa como
passou a ser conhecida na região. A mãe-flor chamou a atenção de sua
filha-semente para a inutilidade de sua ideia, mas a filha, teimosa, insistiu.
A semente falou,
então, ao vento de seu desejo, mas ele foi implacável: só a levaria até uma
planície. Ela até poderia escolher onde gostaria de ficar. A flor-teimosa
voltou a insistir. Queria assistir, de lá de cima o crescimento de suas irmãs
e, também, de todas as outras obras da natureza. Ela não aceitou a oferta do vento.
Enquanto isso, ela aumentava
de tamanho e o tempo passava. Até que, numa tarde de primavera, quando todas
suas irmãs já eram, agora, flores-mãe, ela recebeu a visita de um pássaro que
ouvira falar de seu desejo e ofereceu-se para levá-la até a montanha. Ela foi,
então, feliz no bico do pássaro mesmo correndo o risco de que ele a engolisse.
O pássaro não sabia
onde soltá-la. Já cansara de voar em busca de um pouco de terra em cima da
montanha, onde pudesse plantar a semente para que ela se desenvolvesse. Lá no
alto havia somente rocha pura. Até que ele, desistindo da busca, soltou a
semente em um local inóspito.
A semente estava
feliz. Contemplou o sol mais de perto e acreditou que, mesmo na rocha pura, ela
subsistiria. Passou-se algum tempo até que o próprio vento a reencontrou e
passou a levar-lhe alguns grãos de poeira. O pássaro que a havia levado até
ali, também lembrou-se de levar-lhe, em seu bico, alguma matéria orgânica que
foi absorvida pela poeira levada pelo vento. Uma vez até levou-lhe água no
bico.
E, assim, o tempo passou.
Um dia, a semente
entendeu que já era hora de morrer para produzir uma flor-mãe que se
reproduzisse e adornasse a montanha com suas cores. Mergulhou, então, naquele
pouco de poeira e matéria orgânica e vicejou com toda a força que possui um ser
rebelde.
Logo nasceu uma linha
flor que reproduziu muitas sementes que não pensaram em voltar para a planície
e inundaram a montanha de cores maravilhosas.
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