quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Z Ô O B R A S I L

 "Zôo de macacos galhofeiros, plagiando o viver dos estrangeiros desde o batismo às universidades". Nunca esta afirmativa do saudoso poeta Lauro Rodrigues esteve tão atualizada quanto hoje. Embora sua magistral obra - Senzala Branca - da qual consta o belo poema que dá título ao  livro, tenha sido publicada em 1956, o significado da crítica está, hoje, sobejamento demonstrado em nosso cotidiano e deve ser motivo de preocupação para aqueles que têm um pouco de amor às coisas que dizem respeito à cultura brasileira.

 Quem não se depara em todo lugar , e a qualquer momento, com um tamanho número de palavras e expressões em inglês, fruto dessa desenfreada campanha da mídia que resulta em abafamento de manifestações culturais nacionais autênticas? Faça uma experiência: dê um passeio crítico em um centro comercial (traduz-se para "shoping center") desses modernos e veja quantas lojas têm nome em português. E mais: quantos deles em língua nacional têm "adaptação" à língua inglesa, isto é, com "letras dobradas" (Eu já vi "becco") ou com os intrometidos apóstrofos, querendo copiar o caso genitivo da língua inglesa? Com minha experiência nessas observações, ouso dizer que, o percentual de denominações de estabelecimentos comerciais com nomes ingleses, nesses locais, chega a atingir 80% ou mais.

 Reconhecidamente (e inevitavelmente), as línguas sofrem influência de outras culturas. A nossa, rica em termos "ajenos", é um bom exemplo. Em nosso vocabulário foram incorporadas inúmeras palavras de outras culturas. O que, no entanto, está excedendo em nosso caso, é a substituição pura e simples de palavras portuguesas por expressões estrangeiras que são, de fato, impostas pela força econômica dos que detêm o poder de decidirem por nós. Há, igualmente, uma imposição por parte da mídia comprometida, dizendo que tipo de música temos que ouvir, só para citar um dos exemplos mais gritantes. Quer uma prova? Ligue um rádio e tente escutar música brasileira de boa qualidade em uma emissora e depois faça uma comparação. Observe, também, o "fundo musical" que costumam ser oferecidos em supermercados, restaurantes e outros estabelecimentos. A diversidade é praticamente inexistente. A única opção que nos resta é ouvirmos o som importado.

 Voltei ao assunto a propósito de uma intrusão em nossa cultura que estão querendo nos enfiar goela abaixo. Falo do "halloween" (Escreve-se assim?), festa que, nos Estados Unidos, acontece no final de outubro. O pior é que conta com a adesão (ou conivência?) de professores, justamente os que deveriam ter mais cuidado em colaborar para a preservação da cultura brasileira.  

 As gerações que surgiram "pós meios de comunicação de massa" acabam introjetando de tal forma a cultura alienígena que ela chega a identificar-se para eles como nossa. Será exagero acreditar que, nesse ritmo, dentro de algumas décadas, não vai mais existir uma língua e uma cultura brasileiras? A única reação possível que vejo, é desenvolver uma consciência de que não precisamos sucumbir à massificação da anticultura brasileira e latino-americana que a mídia despeja cotidianamente sobre nós. É preciso dizer "não" antes que nos transformemos em brasileiros aculturados.

(Matéria publicada na Gazeta Regional de Camaquã, em 23.09.05. "Revista e melhorada" para postagem nesta data).

2 comentários:

  1. Very good!!!


    Gauchalusitana

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  2. FRANCISCO BARCELLOS JUNIOR.8 de novembro de 2011 às 11:05

    MEU AMIGO E CUNHADO TENS TODA A RAZÃO EM COLOCAR ESSE ESTRANGEIRISMO EM PAUTA, MAS TE DIGO QUE DEPOIS QUE OS AMERICANOS INVENTARAM O TAL DO MARKETING, E ESSE É NO PORTUGUES SUA MAIS AUTÊNTICA TRADUÇÃO,NADA É MAIS COMO ANTES, E EU NÃO SEI SE VOLTARA A SER.LALAU, MEU QUERIDOE AMIGO CUNHADO DE TANTAS HORAS, TEU BLOG É DEZ OU 10..... ABRAÇOS CARINHOSOS. QUICÃO E ZIZINHA.

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