O COLIBRI DE ARAMBARÉ
A tarde é linda, enfeitada
com as cores do outono como costumam ser os dias de abril. O sol ilumina tudo
com seu calor e aquece os bons e os maus como é sua missão desde que foi
idealizado (Por quem ou porquê não vem ao caso agora). O colibri esvoaça,
beijando flores como fizeram seus ancestrais desde o início. A sua liberdade de voar é infinita. Seu
limite é apenas o que faz cansar suas asas no incessante bater a procura do
néctar que sustenta sua sobrevivência. Isto ao menos até que os humanos
inventassem os muros e as vidraças que refletem cores e não-cores. Foi o que
aconteceu com aquele que foi chocar-se com a parede da casa que alguém colocou
em seu itinerário secular. Talvez o mesmo que, em outras vezes já a havia
invadido em alguns vôos equivocados que
acabaram em extenuantes tentativas de reverter a situação até que voltassem aos
seus caminhos aéreos desconhecidos dos humanos.
Após o choque, ele
estremece e cai no solo, permanecendo em estado de imobilidade que se confunde
com a morte ou quase isso. Há uma mão abençoada que o acolhe e o abriga para
que se recupere. Ao que parece há pouca esperança, mas mesmo assim, quem sabe a
força positiva do desejo para que supere o trauma, funcione e ele se recupere.
Há expectativa e dúvidas de outros humanos que acodem para torcer pelo melhor.
As sugestões surgem e variam do útil ao fantasioso . Uma delas é que se dê um
tratamento humano ao “serzinho” que, agora, descansa na mão que o acolheu e o
mantém protegido, dando-lhe o carinho que imagina necessário para resolver o
problema. A terapia é um “spray” utilizado para casos doloridos, aplicado na
parte que julgam mais atingida. Assim é
feito. O efeito esperado é imediato – coincidente ou não – e, de inopino, o
pássaro voa rápido e livre para o espaço indo pousar na figueira próxima. De
lá, ele contempla o grupo que há pouco dedicava sua atenção ao prosaico probleminha de um pequeno pássaro
entre os milhões que povoam nosso planeta. É uma gota no oceano imenso; é um
grão de areia no deserto; é tudo o quiserem de mínimo ante tudo o que nos
cerca, mas a satisfação de ver o resultado é imensurável. Certamente merece
muito mais do que um simples comentário deste escriba quase anônimo em nossa
internet povoada de doutores e sábios.
(Arambaré, maio/2014)
A Mãe Natureza
ResponderExcluirtambém se manifesta,
em raras ocasiões,
na solidariedade
d’entre seres
que a compõem
para demonstrar
energia através do amor.
Belo! Cheio de sensibilidade, como hábito em outros textos. Obrigada.
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