Isto aconteceu há
muito tempo. Nem sei quando. Havia uma pequena aldeia em um recanto qualquer da
Galileia. Os meninos daquele pequeno lugarejo jogavam bola como em tantos
outros rincões que existiam por ali. Naquele tempo não haviam ainda inventado a
bola de plástico nem a de borracha ou a de couro como é hoje. Naquele lugar a
bola para o jogo era feita de bexiga de camelo ou de outro animal parecido com
ele.
Num daqueles azares,
um guri chutou a bola para o lado errado e ela foi parar no meio do mato onde
os espinhos fizeram um estrago inutilizando-a para o jogo. O autor do chute era
um primo de Jesus. Todos os olhares, então, se voltaram para o tal menino de
forma inamistosa, numa atitude de censura coletiva.
“E agora? Como vamos
continuar nosso jogo?
A bola correu de mão
em mão e o desânimo tomou conta de toda a turma.
De repente, o autor
do chute, que conhecia a história da vida dupla de Jesus porque era de sua
família teve uma ideia. Correu para onde ele estava e mostrou-lhe a bola
rasgada.
“Resolve esse
problema para nós”.
“Não devo”, lhe diz
Jesus sem pegar a bola.
“Preferes deixar teus
amigos sem jogar até que algum camelo morra de velho e possamos aproveitar a
bexiga dele?”
Passam-se alguns
segundos sem que ninguém falasse e também sem entender aquele diálogo entre
Jesus e seu primo. Agora todos os jogadores olham para Ele, mesmo sem saberem o
que está acontecendo.
Ele não diz nada;
apenas pega a bola em suas mãos. Em seguida, todos voltam a jogar. É o primeiro
milagre do Menino Jesus.