"Da gaveta"
O inverno acaba dando-me a oportunidade de vasculhar gavetas e arquivos porque é uma atividade que me ajuda a esquecer o frio que campeia solto na rua "lá embaixo" (Moro no décimo) , com o vento quebrando esquinas e invadindo ponchos, fazendo as pessoas correrem para chegar depressa mesmo que a lugar nenhum. Nesta tarde me reencontrei com algumas lembranças dos primeiros "Retornos". Entre elas uma manifestação de minha sensibilidade daquele tempo. Vejo, também, "la pucha que o tempo passou depressa". Confira comigo a data, e veja se não tenho razão: Porto Alegre, novembro de 1981.
VOU VOLTAR PRA JAGUARÃO
Vou voltar pra Jaguarão!
Lá o pessoal abana a gente,
Dá "bom dia",
Diz "saúde".
Pergunta pelos parentes,
Convida pra "aparecer",
Relembra o tempo passado.
Caminho co`a gurizada -
A mulher ao lado, também.
Nem preciso usar calçada.
Vou passear na 27,
Atravessar o "campo do IPA",
Comer "bomba" no seu Jorge
E dar uma olhada no rio.
Esqueço o resto do mundo.
Assobio pra Tereza,
E escuto o Mário gritar.
A missa das 10 também vou
(Vou precisar roupa nova).
Depois, na esquina da "Gruta",
Junto com a turma de sempre,
Assisto o "corso" passar.
Na segunda, ou na terça,
Atravesso a Ponte Mauá,
Visito o lado de "allá".
Revejo o Cerro da Pólvora
(Da enfermaria em ruínas)
Que tem meu gosto de infância.
Volto pra casa cansado,
Mas feliz por viver lá...
Vou voltar pra Jaguarão...
É lá que eu tenho raízes.
Aqui sou apenas navio
Num porto que não é meu:
Ancorado e de saída.
Vou voltar pra Jaguarão...
Lá não tem poluição!
(Wenceslau Gonçalves/Porto Alegre, novembro de 1981).
Belo! e sim... o tempo voa mesmo.
ResponderExcluirFernanda Gonçalves