domingo, 15 de julho de 2012

"Da gaveta"
  O inverno acaba dando-me a oportunidade de vasculhar gavetas e arquivos porque é uma atividade que me ajuda a esquecer o frio que campeia solto na rua "lá embaixo" (Moro no décimo) , com o vento quebrando esquinas e invadindo ponchos, fazendo as pessoas correrem para chegar depressa mesmo que a lugar nenhum. Nesta tarde me reencontrei com algumas lembranças dos primeiros "Retornos". Entre elas uma manifestação de minha sensibilidade daquele tempo. Vejo, também, "la pucha que o tempo passou depressa". Confira comigo a data, e veja se não tenho razão: Porto Alegre, novembro de 1981.

VOU VOLTAR PRA JAGUARÃO

Vou voltar pra Jaguarão!
Lá o pessoal abana a gente,
Dá "bom dia",
Diz "saúde".
Pergunta pelos parentes,
Convida pra "aparecer",
Relembra o tempo passado.

   Caminho co`a gurizada -
   A mulher ao lado, também.
   Nem preciso usar calçada.            

Vou passear na 27,
Atravessar o "campo do IPA",
Comer "bomba" no seu Jorge
E dar uma olhada no rio.
Esqueço o resto do mundo.

   Assobio pra Tereza,
   E escuto o Mário gritar.
   A missa das 10 também vou
   (Vou precisar roupa nova).
   Depois, na esquina da "Gruta",
   Junto com a turma de sempre,
   Assisto o "corso" passar.

Na segunda, ou na terça,
Atravesso a Ponte Mauá,
Visito o lado de "allá".
Revejo o Cerro da Pólvora
(Da enfermaria em ruínas)
Que tem meu gosto de infância.
Volto pra casa cansado,
Mas feliz por viver lá...

   Vou voltar pra Jaguarão...
   É lá que eu tenho raízes.
   Aqui sou apenas navio
   Num porto que não é meu:
   Ancorado e de saída.

Vou voltar pra Jaguarão...
Lá não tem poluição!

(Wenceslau Gonçalves/Porto Alegre, novembro de 1981).

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