sábado, 8 de março de 2014

OITO DE MARÇO

Falando em mulher

 Em homenagem às minhas leitoras, pela  data, lembrei-me de buscar as palavras sensíveis de um inspirado poeta jaguarense.  Tomei emprestada - imaginando que teria sua permissão - uma poesia de José Paulo Nobre.O autor, atualmente morando em Rio Grande, foi meu contemporâneo em Jaguarão quando frequentávamos os bancos escolares do hoje segundo grau. Já naquele tempo (lá pelos idos de 1962 se não me falha a memória) o "Zé Paulo" nos brindava com sua inspiração, inclusive com algumas produções lidas em apresentações que costumavam ocorrer no Theatro Esperança ou no Círculo Operário, ou até mesmo publicadas no "mural" (lembram?) da então Escola Técnica de Comércio (curso noturno). Sua obra é vasta e dela tenho comigo uma publicação lançada em Porto Alegre, em 1998, intitulada "Um milagre chamado poesia", da qual extraí a poesia que hoje estou publicando.

                                                         A mulher que a gente ama
                                                                               (José Paulo Nobre)

A mulher que a gente ama,
é como o universo:
A gente quer
saber-lhe todos os mistérios,
arrebatar-lhe todas as distâncias
e unir todas as galáxias,
da esperança à certeza,
Nave-Luz em viagem sideral
do corpo à alma...

A mulher que a gente ama,
é como a Poesia:
a gente quer escrevê-la toda
e estar em cada frase
e em cada compasso,
como se fosse vital
o não apenas Ser
mas o intrinsicamente Estar...

A mulher que a gente ama,
é como uma Árvore:
a gente quer
que dê flores e frutos
e quer sua sombra,
seu verde e seu porte...
Sombra para acalmar
sóis de ávidas andanças;
verde, para alimentar
o dia-a-dia com sua força
e o porte para nos manter
sempre acima dos próprios sonhos...

A mulher que a gente ama,
é como uma Estrada:
a gente quer percorrê-la toda...
conhecer-lhe todos os meandros...
adivinhar-lhe todas as curvas
e estender-se em suas retas...
buscar atalhos
e amar sua propensão
a chegadas repentinas
e encontros em fins de tarde...

A mulher que a gente ama,
é como uma Casa:
a gente quer morar nela...
conhecer-lhe todas as dependências
e habitar-lhe cada sala,
cada corredor, cada quarto
e abrigar-se nela
e, nela, saber-se em paz...

A mulher que a gente ama,
é como o Nascer e o Por do Sol...
é como um Rio sem Corredeiras...
é como um imenso Lago
de águas sempre tranquilas...
mas, se for, por acaso,
como um Encapelado Mar,
haveremos de navegá-lo
em segurança,
Marinheiros da Ternura
Capitaneando a Ânsia,
até alcançarmos o bendito porto
do Encontro Total...

(In Um milagre chamado poesia, 1a. ed., Pelotas, Livraria Mundial, l997 - pág. 48)

2 comentários:

  1. " A mulher que a gente ama,
    é como o universo:
    A gente quer
    saber-lhe todos os mistérios..."
    Adorei tio!!!

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  2. Delano, nem sei mais por onde andas. Porto Alegre, imagino. Sempre bem ativo, o que é bom. O espaço continua à disposição dos jaguarenses e dos "jaguarenses por adesão". Abraços. WG

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