Há algum tempo venho mantendo uma ideia de organizar uma coletânea que reúna uma amostra da poesia publicada na imprensa de Jaguarão, durante um determinado espaço de tempo. Sei que uma das boas fontes existentes é a hemeroteca do Instituto Histórico de Jaguarão, que tem um rico acervo de jornais antigos, onde muitos jaguarenses publicaram trabalhos.
Com minha adesão a este tipo de comunicação (blogue), achei que poderia antecipar aqui alguma coisa, independentemente de concretizar ou não aquele sonho. Estou começando, hoje, portanto, com material que encontrei na obra "Sonetos Gaúchos - Sonetária", organizado e anotado por nosso conterrâneo -Falecido em Porto Alegre há pouco tempo - Pedro L. Villas-Boas em parceria com Luiz Alberto Garcia do Prado (edição de 1989). Essa obra nos apresenta uma boa amostra dos autores gaúchos que se dedicaram ao soneto. Entre estes, vinte são jaguarenses. Confesso que, de alguns deles, nunca havia tomado conhecimento nem por citação.
A Imprensa e a Música
Aurélio de Bitencourt
Das fímbrias do Oriente, em gazes envolvida,
Um dia alevantou-se a Deusa alabastrina!...
Na fronte lhe esplendia - aurora diamantina -
A luz que o mundo alaga - o sol da Nova Vida!...
Imóvel...da amplidão no éter soerguida
ela fita o Universo!...a plaga bizantina -
Dos romanos o mundo...A terra colombina...
Desdobravam-se a seus pés, na sempiterna lida!
Em nítida Vinheta, em tipos luminosos,
O esforço, o gênio, a arte e os fastos gloriosos
num livro imprime a Deusa - ela que tudo sabe!
Mas de repente pára...e trêmula, escutando
uma harmonia vaga...uns sons que vão chegando,
Cerra o livro...No livro, Música não cabe!
Aurélio Viríssimo de Bitencourt - Jaguarão, 1849-1919
Bibliografia: dispersa (poética).
sábado, 28 de janeiro de 2012
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
A N D A N Ç A S - 4
eu e o Pessoa |
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
LISBOA DO SONHO
(Para Fernanda, que dividiu seu coração entre Brasil e Portugal)
A tarde agoniza em Lisboa.
O sol enquadrando o castelo São Jorge
Enche meus olhos de sonho.
O 28 desce a ladeira da Graça.
O turista procura no mapa
Um lugar.
Na Tasca do Chico
Um fado chora
Na alma do cantor,
E há tanto amor
Rolando nas ruas.
Que sonho Lisboa,
De Eça e Pessoa.
Do mirante,
Do comboio
E dos reis.
Do Bairro Alto e Sodré,
Da Baixa e do Alfama,
Antiga e tão boa,
Lisboa da fé.
(Wenceslau Gonçalves - Lisboa, maio de 2005)
A tarde agoniza em Lisboa.
O sol enquadrando o castelo São Jorge
Enche meus olhos de sonho.
O 28 desce a ladeira da Graça.
O turista procura no mapa
Um lugar.
Na Tasca do Chico
Um fado chora
Na alma do cantor,
E há tanto amor
Rolando nas ruas.
Que sonho Lisboa,
De Eça e Pessoa.
Do mirante,
Do comboio
E dos reis.
Do Bairro Alto e Sodré,
Da Baixa e do Alfama,
Antiga e tão boa,
Lisboa da fé.
(Wenceslau Gonçalves - Lisboa, maio de 2005)
A N D A N Ç A S - 3
(Lisboa)
As vezes, comento com amigos que só depois de alguns dias de estar aqui é que começo a entender completamente o que falam os portugueses, eles se surpreendem um pouco. Não estou exagerando. Na sua conversação diária, esses co-irmãos costumam "engolir" o som de algumas vogais e o estrangeiro precisa acostumar o ouvido até compreender tudo que ouve. E há algumas palavras que, embora sejam do vocabulário português, não são utilizadas por nós. Algumas até já foram mas, outras, até em um contexto são difíceis de "traduzir" para a "nossa língua". Querem uma prova? Pensem no significado de algumas destas: atacador, berma, esferovite, montra, chinó, portagem, despiste, utente. A maioria delas são utilizadas no quotidiano.
Mosaicos - Quem vem a Lisboa não pode deixar de dar uma passadinha do Museu do Azulejo. Além de toda a história sobre essa manifestação artística originária dos árabes, no local pode ser apreciada uma belíssima capela, em estilo barroco, quase completamente revestida de ouro, que fazia parte desse antigo convento de freiras em que, hoje, está instalado o museu.
Gastronomia - "Unir o útil ao agradável". Cabe muito bem a expressão ao passeio denominado "Lisboa Gastronômica", que fizemos no dia sete último, visitando vários locais, entre cafés, restaurantes tradicionais, manteigaria, conserveira, nos quais tivemos, ao vivo, verdadeiras aulas sobre a gastronomia de Portugal. Partimos de um quiosque, localizado na Praça Luís de Camões, onde degustamos um leite perfumado (Consumido já em 1920) indo finalizar no Bar Amigos da Severa, onde o proprietário Antônio mantém animada conversação sobre a história da prostituta que se tornou famosa por sua interpretação do fado, essa música "venerada" pelos portugueses. Esse trabalho pioneiro é desenvolvido por três jovens - a Vanessa, a Mafalda e o Paulo - que, com o sucesso do trabalho, estão constituindo uma empresa para dar conta das solicitações. Os interessados podem contactá-los através do endereço eletrônico lisboaautentica@gmail.com
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
A N D A N Ç A S - 2
(Lisboa)
Em Portugal em plena crise, assim como em outros paises da Europa, discute-se à exaustão causas e consequências das medidas que estão sendo tomadas e as que serão postas em prática por alguns anos segundo as previsões de entendidos e "opinantes". Muitas das queixas são nossas velhas conhecidas: os causadores do problema (O capital financeiro, principalmente) sairão por cima enquanto as "vítimas" de sempre (e em qualquer País) - o povo - é que, irá, mais uma vez, ser prejudicado. Os movimentos organizados têm reagido com paralisações pontuais que não chegam a causar muito problema, a não ser os costumeiros prejuízos financeiros das empresas atingidas.
Na questão da União Européia, uma das medidas mais lembradas tem sido o desmantelamento da principal atividade econômica ("económica" se diz aqui) de Portugal - a indústria pesqueira - que teve sua frota quase totalmente desativada. E estamos falando da maior frota da Europa na especialidade. Este ano, os portugueses obtiveram um aumento de 4% nas suas quotas de pesca de bacalhau. Lembra-se, também, que, "na altura" (Expressão portuguesa) os agricultores receberam subsídios para "não produzirem". Nós, simples mortais, não conseguimos entender como um País sobrevive sem sua principal atividade econômica se não houver, antecipadamente, uma nova atividade planejada que a substitua.
A voz corrente é que, agora, quem decide tudo por aqui é a "Troika" (Referência ao FMI, a União Européia e o Banco Central Europeu). A maioria das condições impostas vem em prejuizo principalmente da população de baixo poder aquisitivo. Entre essas providências, estão aumento de impostos (Algumas aliquotas do IVA pularam de 13% para 23%), o corte do 13º e 14º salários e a demissão gradativa de, no mínimo, 30.000 funcionários públicos. Para não fugir à regra, os professores foram aconselhados pelo Primeiro Ministro a emigrarem para países de língua portuguesa. Os professores gaúchos já ouviram de tudo, em matéria de desculpa, mas, acho, que isso ainda não.
Há, também, uma reação contra a Alemanha, cuja chanceler vem conduzindo as negociações. A Alemanha que, inicialmente não foi favorável a uma ajuda da Comunidade para os países em crise, teve que voltar atrás provavelmente pela pressão dos bancos alemães que são os principais credores dos endividados europeus.
Mais uma vez a banca consegue impor suas condições.
A chegada da China, através da compra do controle da principal empresa de energia do País - a EDP - é um fato que deve ter reflexos em toda Europa. Ela vai servir de porta de entrada para os chineses em outros setores nos quais já anunciaram que estão interessados, como, por exemplo, bancos e turismo. Não esqueçamos que a nossa Eletrobrás também era uma das pretendentes no negócio junto com a Alemanha. A China, com previsão de crescimento de mais de 8% em 2012 precisa buscar onde aplicar seu capital. Aliás, ela já está presente no Brasil no setor petrolífero. Politicamente, alguns analistas políticos extranharam que um País agora conduzido por um governo de direita tenha se entendido tão bem com os comunistas chineses. Parece, que em "matéria de livre mercado" (?) ainda temos muita coisa para ver!
Em Portugal em plena crise, assim como em outros paises da Europa, discute-se à exaustão causas e consequências das medidas que estão sendo tomadas e as que serão postas em prática por alguns anos segundo as previsões de entendidos e "opinantes". Muitas das queixas são nossas velhas conhecidas: os causadores do problema (O capital financeiro, principalmente) sairão por cima enquanto as "vítimas" de sempre (e em qualquer País) - o povo - é que, irá, mais uma vez, ser prejudicado. Os movimentos organizados têm reagido com paralisações pontuais que não chegam a causar muito problema, a não ser os costumeiros prejuízos financeiros das empresas atingidas.
Na questão da União Européia, uma das medidas mais lembradas tem sido o desmantelamento da principal atividade econômica ("económica" se diz aqui) de Portugal - a indústria pesqueira - que teve sua frota quase totalmente desativada. E estamos falando da maior frota da Europa na especialidade. Este ano, os portugueses obtiveram um aumento de 4% nas suas quotas de pesca de bacalhau. Lembra-se, também, que, "na altura" (Expressão portuguesa) os agricultores receberam subsídios para "não produzirem". Nós, simples mortais, não conseguimos entender como um País sobrevive sem sua principal atividade econômica se não houver, antecipadamente, uma nova atividade planejada que a substitua.
A voz corrente é que, agora, quem decide tudo por aqui é a "Troika" (Referência ao FMI, a União Européia e o Banco Central Europeu). A maioria das condições impostas vem em prejuizo principalmente da população de baixo poder aquisitivo. Entre essas providências, estão aumento de impostos (Algumas aliquotas do IVA pularam de 13% para 23%), o corte do 13º e 14º salários e a demissão gradativa de, no mínimo, 30.000 funcionários públicos. Para não fugir à regra, os professores foram aconselhados pelo Primeiro Ministro a emigrarem para países de língua portuguesa. Os professores gaúchos já ouviram de tudo, em matéria de desculpa, mas, acho, que isso ainda não.
Há, também, uma reação contra a Alemanha, cuja chanceler vem conduzindo as negociações. A Alemanha que, inicialmente não foi favorável a uma ajuda da Comunidade para os países em crise, teve que voltar atrás provavelmente pela pressão dos bancos alemães que são os principais credores dos endividados europeus.
Mais uma vez a banca consegue impor suas condições.
A chegada da China, através da compra do controle da principal empresa de energia do País - a EDP - é um fato que deve ter reflexos em toda Europa. Ela vai servir de porta de entrada para os chineses em outros setores nos quais já anunciaram que estão interessados, como, por exemplo, bancos e turismo. Não esqueçamos que a nossa Eletrobrás também era uma das pretendentes no negócio junto com a Alemanha. A China, com previsão de crescimento de mais de 8% em 2012 precisa buscar onde aplicar seu capital. Aliás, ela já está presente no Brasil no setor petrolífero. Politicamente, alguns analistas políticos extranharam que um País agora conduzido por um governo de direita tenha se entendido tão bem com os comunistas chineses. Parece, que em "matéria de livre mercado" (?) ainda temos muita coisa para ver!
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