sábado, 27 de agosto de 2011

R E V I V E N D O

 Lá pelos idos de 60, logo após o golpe de primeiro de abril, eu era, então, um jovem de 19 anos. Cheio de ideias e já com muitos dos sonhos que carreguei comigo ao longo da caminhada. Nessa época tive oportunidade de conhecer o arroio-grandense Pedro Jayme Bittencourt. Era filho de um talentoso jornalista - Guadil Bittencourt (uruguaio) e da professora Delícia Ramis Bittencourt (presumo que jaguarense). Por essas circunstâncias da vida, nunca mais tive contato e muito pouco soube sobre eles depois que me embretei na Capital.

 Militante político, sem ser filiado, era, sobretudo, um corajoso para o momento histórico escuro que começara a se desenvolver no País. Foi, também, um grande orador que sabia usar a palavra com maestria incomum, além de um inspirado poeta. Aliás, no que seguiu os passos de seus pais. Infelizmente pouco pude conhecer de sua obra e, dela, guardo, apenas, algumas poesias esparsas, extraídas de um pequeno opúsculo mimeografado que me caiu nas mãos naquela época. Entre elas, esta, à moda dos velhos tempos do romantismo:   

                                               Requiem (Pedro Jayme Bittencourt)

A tarde inclina pensativa a incerta
cabeleira de sol, no azul poente...
E nos meus olhos trêmulos desperta
a agonia da luz, piedosamente...

   A tarde vem debruçar-se, de repente,
   à janela escancarada, só, deserta:
   e eu acho extraordinário e surpreendente
   que a tarde caiba na janela aberta...

Mas ela vem - e a luz com ela -
na inquietude do sol que já não arde,
morrer junto a mim, sobre a janela...

   E num vibrante, derradeiro grito
   a alma do sol foge da tarde
   para os meus olhos trêmulos e aflitos...

Um comentário:

  1. A guisa de esclarecimento, devo informar que tanto Pedro Jayme, sua irmã Tereza e sua mãe Profs Delicia são naturais de Santa Vitória do Palmar, e que vieram a residir em Jaguarão por motivo da transfeerência do Sr. Guadil para a Aduana de Rio Branco, no Uruguai.

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